Blog Do Bem

sábado, 30 de novembro de 2013

'Estou supermotivado, feliz. É um recomeço', diz Felipe Massa

Apesar de a Williams ter feito péssimo papel em 2013, piloto acredita que pode conquistar grandes resultados no ano que vem.

 

Hora de virar a página e começar a escrever um capítulo novo. É assim que Felipe Massa define os quatro últimos anos na Ferrari, ao lado de Fernando Alonso, e o desafio que terá pela frente agora, o de ajudar a Williams a ser grande novamente. Não será fácil. O melhor time da década de 90, campeão em 1992, 1993, 1996 e 1997, disputou em 2013 a pior temporada de sua rica trajetória de 40 anos na Fórmula 1.

Felipe estreia na Williams em 2014 - Filipe Araújo/Estadão

Neste sábado, como divertimento e exercício para se manter em forma, Massa disputou a tradicional prova 500 Milhas de Kart, no kartódromo Beto Carrero, no município de Penha, em Santa Catarina. Na semana que vem, ele já embarcará para a Inglaterra a fim de se reunir com integrantes da Williams, como Pat Symonds, o engenheiro que está reestruturando o time. Nesta entrevista exclusiva ao Estado, realizada em Interlagos, Massa disse estar entusiasmado com a missão de liderar o projeto de uma organização de tantas conquistas importantes.

A Williams o contratou por sua grande experiência, 191 GPs, a maior parte numa escuderia vencedora. Em 2008, Kimi Raikkonen parecia desestimulado e a Ferrari contava mais com você. Foi sua melhor temporada na Fórmula 1. Vê semelhança entre sua função em 2008 e a que assumirá em 2014?
FELIPE MASSA -
Vejo, sim. É importante você ter toda a força da equipe com você, se sentir peça importante, assumir a liderança e contar com toda a confiança possível de todas as pessoas do grupo. Quando vivi isso, demonstrei bom resultado no final. Neste momento, estou pronto para dar tudo o que posso e conseguir esses resultados de novo, não só para mim, como para a equipe. Estou supermotivado, feliz. A maior parte da minha carreira vivi na melhor escuderia da Fórmula 1, a Ferrari. Na Williams, meu principal trabalho vai ser usar o que aprendi para criar as condições necessárias para lutar pelos melhores resultados. É um recomeço, um estímulo novo.

Na hipótese de a Williams construir um carro vencedor, você se sente capaz, ainda, de ser campeão do mundo?
FELIPE MASSA -
O dia em que você não se enxergar mais campeão é porque não está fazendo a coisa certa. Confio no meu taco, faz parte, sim, do meu sonho vencer o campeonato. Se você tem um sonho, tem de lutar para torná-lo real.

Você é um profissional realizado, bem-sucedido, independente financeiramente, já foi vice-campeão do mundo, disputou 11 temporadas, venceu 11 GPs, largou 15 vezes na pole position e, mesmo assim, fez de tudo para continuar na Fórmula 1. Por quê?
FELIPE MASSA -
Porque eu acho que tenho ainda o que fazer na Fórmula 1. É o que eu gosto de fazer. É difícil deixar a carreira. Tenho só 32 anos, muita vontade, não estou na época de parar. Para mim, idade para abandonar a Fórmula 1 é de 35 anos para frente. Eu me sinto com gás para lutar e com potencial, ainda, para vencer. Enquanto não tinha nada na mão, ficava pensava no travesseiro... Tenho ainda uns três ou quatro anos pela frente na Fórmula 1.

Sua esposa não esconde que preferiria que você deixasse a Fórmula 1...
FELIPE MASSA -
Ela de fato gostaria que eu parasse de correr, mas também me conhece, sabe que não seria um homem feliz dentro de casa. Minha felicidade é correr e ela quer o melhor para mim. E já conversamos sobre eu continuar competindo em outra categoria quando deixar a Fórmula 1. (Massa já disse que o conceituado Campeonato Alemão de Turismo, em que competem Mercedes, Audi, BMW, por exemplo, o atrai bastante).

Foram seus companheiros de equipe Jacques Villeneuve, Michael Schumacher, Kimi Raikkonen e Fernando Alonso. Em comum entre eles, o fato de serem campeões mundiais. Essa convivência representou uma excelente oportunidade de aprendizado. Em que área da formação de um piloto você crê que mais tem de se concentrar para evoluir?
FELIPE MASSA -
Em todas. Há corridas em que você faz um trabalho perfeito, decide certo em qualquer condição. Mas há provas em que você vai compreender depois que o melhor teria sido seguir outro caminho. Isso ocorre com frequência. Nesse sentido, acho que o Alonso conseguiu usar melhor do que eu as dificuldades que tínhamos, com um carro complicado. Eu não o explorava tão bem esses anos todos. Faltou sempre aquele detalhe para mim. Não que se eu também tivesse me adaptado mais a nossos carros, aos pneus, eu teria sido campeão. Ele também não foi, mas pelo menos teria, como ele, entrado na luta. Hoje vejo que foi isso o que faltou para mim. É verdade, ainda, que as reações do carro e dos pneus casaram mais com o estilo do Alonso. Vamos ver como será em 2014. Pilotei no simulador o carro da Ferrari, com os dados do ano que vem, e a diferença é enorme, há muito menos aderência.

Você marcou pontos já na sua segunda corrida de Fórmula 1, mas acabou não permanecendo na Sauber depois da temporada de estreia, em 2002. Sua vida na Fórmula 1 foi caracterizada por grandes desempenhos e índice elevado de erros. Com a experiência de hoje, o que faria diferente do que fez?
FELIPE MASSA -
Em primeiro lugar, eu diria que teria sido melhor começar a carreira como piloto de testes, por um ano. Mas a chance surgiu e, para ser piloto de Fórmula 1, você tem de aceitar, não tem opção de escolha, é assim que funciona. Eu era muito jovem, tinha 20 anos apenas. Queria tanto que às vezes errava, mas meu primeiro ano foi bom, não era para ter sido mandado embora. O carro da Sauber era pior do que o do ano anterior, o melhor do time. Dei azar de o dono (o suíço Peter Sauber) odiar quando um piloto batia e eu, pela inexperiência, bati algumas vezes.

Na temporada que acabou no domingo passado, você se envolveu em alguns acidentes e admitiu ter cometido erros. Além disso, o confronto com Alonso nos últimos quatro anos o fez perder parte da popularidade da época em que quase foi campeão do mundo, em 2008. Como você
lida com isso?
FELIPE MASSA -
Sempre fui sincero, honesto, a carreira inteira. Nunca inventei nada para justificar isso ou aquilo. Quando surge um problema, sou o primeiro a falar. Para falar a verdade, eu também acho que não estou no momento que gostaria de estar, como resultado, em geral. Mas sempre que encontro pessoas no meu País, independentemente do lugar, sinto que não perdi torcida. Se você lê um blog, a maior parte dos que comentam não escreve até mesmo o que pensa, quer fazer charme. Se você entra num site de futebol, os caras matam jogador todo dia. Se entrar num de Fórmula 1, você encontra a torcida e os que estão lá para aparecer. A torcida mesmo sempre vai continuar torcendo, nunca perdi torcedores no Brasil. Lógico, sei que há quem tenha começado a pensar que eu já não faço mais o que fazia antes. Eu sou o primeiro a analisar que os resultados não têm acontecido como no passado. Mas a minha torcida sempre se manteve fiel, assim como o respeito do povo brasileiro e é isso o que mais me motiva e me interessa.

Quer dizer, então, que na sua opinião você não tem nenhum índice de rejeição?
FELIPE MASSA -
Alguma coisa, sim. Mas depende do lugar. Os que torciam antes continuam torcendo

Preço da gasolina sobe 4% a partir de sábado

Já o diesel ficará 8% mais caro nas refinarias; para o consumidor final, aumento da gasolina na bomba deverá ser de até 2,5%.

SÃO PAULO - A Petrobrás informou nesta sexta-feira que os preços da gasolina e do diesel serão reajustados nas refinarias a partir da 0h deste sábado, dia 30. Para a gasolina, o aumento é de 4% e para o diesel, 8%. O reajuste foi decidido hoje durante a reunião do conselho de administração da estatal.
Para o consumidor final, o aumento da gasolina deve representar uma alta de 2% a 2,5% no preço na bomba, segundo cálculos do economista da LCA Consultores, Fábio Romão.
Segundo a empresa, os preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado, não incluem os tributos federais Cide e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS.
O fato relevante afirma que a implementação da política de preços visa a "assegurar que os indicadores de endividamento e alavancagem retornem aos limites estabelecidos no Plano de Negócios e Gestão 2013-2017 em até 24 meses, considerando o crescimento da produção de petróleo e a aplicação desta política de preços de diesel e gasolina".
Outro objetivo da empresa é alcançar, em prazo compatível, a convergência dos preços no Brasil com as referências internacionais. Além disso, com esse modelo, a estatal busca não repassar a volatilidade dos preços internacionais ao consumidor doméstico.


 

Jovens trocam livros por 'leitura digital'

Gerações anteriores só liam as obras cobradas pela escola; agora, a prática é diferente: são sites, redes sociais, SMS e e-mails

 

No bolso do jeans, um BlackBerry. Na escrivaninha do quarto, um laptop. Dentro da mochila da escola, um iPod Touch com conexão wireless. Tudo ao redor dos jovens de hoje oferece conexão 24 horas por dia nas mais diversas redes sociais. Como deixar de lado todas as infinitas possibilidades que o mundo digital oferece e se dedicar à leitura de um livro, com suas centenas de páginas, cheias de palavras e letras inertes, exigindo concentração para serem decifradas?
Família conectada. Na casa de Hermina Ejzenmesser, além do computador de uso comum, o marido e os três filhos têm cada um o seu notebook; Renato (à esq.) é o mais antenado - Werther Santana/AE
Werther Santana/AE
Família conectada. Na casa de Hermina Ejzenmesser, além do computador de uso comum, o marido e os três filhos têm cada um o seu notebook; Renato (à esq.) é o mais antenado
Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) divulgados nesta semana afirmam que a leitura não está entre as prioridades dos jovens de 15 anos. Nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 46% dos estudantes afirmam que leem apenas para obter as informações que precisam; 41% só leem se forem obrigados; e 24% acham que ler é um desperdício de tempo. Apenas um terço disse que a leitura é um dos hobbies favoritos.
Apesar dos dados do Pisa, especialistas em educação e tecnologia discordam da ideia de que o jovem de hoje lê menos. Muito pelo contrário: afirmam que os adolescentes nunca leram tanto. A diferença é que, agora, não são só os livros que são "lidos", mas vídeos, sites, SMS, e-mails e uma gama imensa de informações.
"O adolescente lê e escreve muito, comunica-se muito mais por escrito. As gerações anteriores liam só os livros da escola. Os jovens de hoje não: estão sempre se informando dentro dessa vida social digitalizada", diz Rosa Maria Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP.
O que perdeu espaço na vida dos jovens não é o hábito de ler, mas a leitura formal que os livros, por exemplo, oferecem. "O texto existe, só que de outras formas, e agora oferece acesso amplo e irrestrito. A leitura digital é mais lúdica e interessante porque não é linear e permite uma liberdade multimidiática", explica Claudemir Viana, pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
Segundo Viana, trocar SMS com os amigos, postar no Twitter e ver recados no Facebook são atividades mais prazerosas que ler um clássico literário porque dão mais autonomia. "Se cansar do site em que está navegando, é só abrir um outro link. Não precisa mais ler página por página, na ordem. Por isso, o que o jovem está perdendo é a paciência, não a concentração."
O maior desafio do jovem é lidar com a diversidade de estímulos que recebe de todos os lados - o que não significa que ele esteja mais distraído, afirmam especialistas. "O adolescente tem de prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo. Ele é multifocal e deve se dividir por vários canais", diz a psicóloga Ivete Palange, da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed).
Dar atenção a várias mídias sem perder o interesse no conteúdo de cada uma delas é o que acontece na casa da empresária Hermina Ejzenmesser, de 44 anos. Além do computador da família, de uso comum, seu marido e cada um de seus três filhos têm um notebook. Renato, de 16 anos, é o mais antenado: tem iPhone e usa diversos programas em seu laptop. "Antes, eu até gostava mais de ler livros, mas fui perdendo o estímulo. Gosto de jornal, mas se você for pegar para ler no fim da manhã, já está tudo velho", diz Gustavo.
Para Hermina, o gosto de Renato por tecnologia é positivo. "Ele faz trabalhos em vídeo, edita e coloca áudio. E estuda muito com os amigos via Skype."
Aptidões perdidas. Para os educadores, a falta de interesse pela leitura formal pode levar à perda da habilidade de se concentrar quando necessário. "O jovem não consegue mais ler um texto inteiro. Ele não cria essa habilidade porque não precisa mais dela", explica Teresa Ferreira, psicopedagoga da Unifesp.
Ainda é cedo para afirmar o quanto isso pode ser prejudicial no futuro. Mas os especialistas alertam: ler apenas o essencial e aquilo que interessa pode levar à perda da aptidão para analisar situações com mais profundidade. "O jovem sabe de tudo o que acontece, mas não aprofunda o conhecimento dos fatos", destaca a psicóloga Dora Sampaio Góes, do Programa de Dependência da Internet do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (Amiti), da USP. "A dúvida é: até que ponto essa abordagem generalista é benéfica?"

VANTAGENS E DESVANTAGENS
Leitura formal
Para os educadores, ler os livros clássicos faz com que as crianças e os jovens consigam formar referências culturais e, portanto, sejam capazes de aprofundar o conhecimento sobre o mundo e analisar os fatos de modo mais profundo. No entanto, a leitura dos materiais impressos, como também são os jornais e as revistas, são arbitrárias e não permitem a interação do leitor com a informação, que é sempre linear.
Leitura digital
Para os educadores, a possibilidade de ter contato com várias mídias ao mesmo tempo (como vídeo, áudio, imagem e texto) é o grande trunfo das novas tecnologias. O jovem consegue se comunicar de diversas formas e, por essa razão, nunca leu e escreveu tanto. Porém, ao dividir a atenção entre tantas mídias, o adolescente pode perder a capacidade de focar seu interesse em uma só coisa, prejudicando a concentração.

PRESTE ATENÇÃO...
1. Jornais. Assinar jornais é uma opção para motivar a leitura. Educadores sugerem que os pais comentem reportagens interessantes com as crianças.
2. Revistas. Comprar revistas para adolescentes, com temas do interesse dos jovens, pode ser um bom começo para exercitar a concentração.
3. Revistas em quadrinhos. Gibis são uma boa ideia para incentivar crianças muito pequenas a ler, porque contêm imagens e mensagens curtas.
4. Livros clássicos. Os pais devem dar o exemplo aos filhos, lendo bons livros e sempre deixando à vista, em casa, os clássicos da literatura.
5. Livros para adolescentes. Obras de ficção e de ação - inclusive best sellers - são de fácil leitura e costumam agradar crianças de todas as idades.
6. Sites. É ideal que os pais acompanhem o conteúdo das páginas em que os filhos navegam, para evitar a exposição a crimes virtuais.

 

Anomalias cromossômicas

 
 
Um indivíduo normalmente possui 23 pares de cromossomos. Uma anomalia cromossômica pode afetar o número de cromossomos, o tamanho ou o aspecto de certos cromossomos ou o arranjo de partes dos cromossomos (o material genético de um cromossomo pode unir-se ao de um outro).

A análise cromossômica pode ser recomendada para um feto ou um recém-nascido nas seguintes circunstâncias:
• Gravidez de uma mulher com mais de 35 anos
• Um feto apresenta uma anomalia anatômica detectada pela ultra-sonografia
• Um recém-nascido apresenta muitos defeitos congênitos ou possui órgãos genitais masculinos e femininos.

Trissomia
É denominada trissomia a presença de um cromossomo extra que se une a um par de cromossomos. A trissomia mais comum no recém- nascido é a trissomia do 21, embora também possam ocorrer outras.
Distúrbios Causados por uma Trissomia

Síndrome de Down ou Trissomia do 21
Incidência: 1 em 700 nascimentos
Anormalidade: Cromossomo 21 extra
Descrição: Retardo do desenvolvimento físico e mental; presença de muitas anomalias físicas
Prognóstico: Geralmente, os indivíduos afetados vivem até os 30 ou 40 anos

Síndrome de Edwards ou Trissomia do 18
Incidência: 1 em 3.000 nascimentos
Anormalidade: Cromossomo 18 extra
Descrição: Anomalias faciais combinadas que conferem à face um aspecto comprimido. A cabeça é pequena e as orelhas são malformadas e com implantação baixa. Outros defeitos possíveis incluem a fenda labial ou palatina, a ausência de polegares, pés tortos, dedos das mãos unidos por uma membrana, defeitos cardíacos e genitourinários
Prognóstico: A sobrevida além de alguns meses é rara; deficiência mental grave

Síndrome de Patau ou Trissomia do 13
Incidência: 1 em 5.000 nascimentos
Anormalidade: Cromossomo 13 extra
Descrição: Os defeitos cerebrais e oculares graves são comuns. Os outros defeitos incluem a fenda labial ou palatina, defeitos cardíacos e genitourinários e orelhas malformadas
Prognóstico: Menos de 20% dos indivíduos afetados sobrevivem além do primeiro ano de vida; deficiência mental grave

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

USP cria centro para reciclar lixo eletrônico



Se você tem algum computador aposentado em casa, nós temos sugestões de instituições sérias que podem dar um destino muito útil pra ele.



o ritmo em que a indústria de eletrônicos avança, com lançamentos cada vez mais frequentes, é natural que as trocas de aparelhos acabem deixando para trás um rastro de equipamentos ultrapassados, mas que ainda podem ser úteis para muita gente.

A Universidade de São Paulo montou um centro de reciclagem para diminuir esse problema e também evitar a ameaça que o lixo eletrônico representa para o meio-ambiente.

Os computadores já foram vanguarda, já foram o futuro. Hoje, são vítimas do avanço da tecnologia.

“A cada dia surgem novos produtos, mais atraentes, novos celulares, novos micros, e mesmo esses equipamentos não chegando ao final do seu ciclo de vida são substituídos por novos equipamentos”, explica Mauro Bernardes, da Divisão de Informática da USP.

O lixo eletrônico não tem cheiro, não suja as mãos e tem uma aparência bem melhor do que o lixo convencional. Mas ele está repleto de substâncias como chumbo, mercúrio e cádmio que, se não tiverem um destino adequado, podem contaminar a natureza e prejudicar a saúde humana.

O galpão que acaba de ser inaugurado na Universidade de São Paulo é uma tentativa de transformar toneladas de equipamentos velhos em algo útil de novo.

Primeiro, eles passam por uma seleção. O que pode voltar a funcionar é consertado e vai para escolas carentes. O que não funciona é desmontado e separado. Plástico, ferro e vidro são vendidos para indústrias de reprocessamento.

Antes de ir para as empresas de reciclagem, parte do material é prensada, para reduzir o volume e o custo do transporte, que é muito alto. Por exemplo, nove gabinetes de computador depois de prensados ocupam o espaço de apenas um.

As únicas peças que vão para o exterior são as placas eletrônicas, que têm pequenas quantidades de ouro. O Brasil ainda não tem fábricas para reciclar esse material, uma realidade que a USP quer mudar.

“É onde tem maior fonte de renda. O dinheiro da placa ficaria no Brasil e nós criaríamos uma nova indústria, novos empregos. Tem ganho financeiro, social e ambiental”, argumenta Tereza Cristina Carvalho, do Centro de Computação Eletrônica da USP.

O analista de sistemas Fernando Redigolo não pensou duas vezes. Encheu uma caixa de tralhas eletrônicas e doou para a reciclagem. “Tinha coisa que tinha dez anos pelo menos”, contou.

Alem do meio ambiente, quem gostou da iniciativa foi a mulher dele. “Ela agradece o espaço que tem em casa agora e antes estava ocupado por velharias. Só não posso acumular mais coisas senão eu arrumo briga de novo em casa”, disse.

O centro tem capacidade para processar dez toneladas de lixo eletrônico por mês, mas, por enquanto, só está recebendo material doado por alunos e funcionários da universidade.

Se você tem algum computador aposentado em casa, nós temos sugestões de instituições sérias que podem dar um destino muito útil pra ele.

Comitê para Democratização da Informática 
Doe o seu computador usado para o Comitê para Democratização da Informática e ajude a atualizar o futuro de alguém.

Projeto Computadores para Inclusão 
Conheça a rede nacional de reaproveitamento de equipamentos usados, recondicionados por jovens em formação profissionalizante.

Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática – CEDIR 
O Cedir, da USP, começará a receber o lixo eletrônico da comunidade em 2010. Por enquanto, ele vai priorizar o tratamento do lixo eletrônico da USP.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Furacão pode atingir o Brasil na próxima semana segundo Meteorologia

Furacão pode atingir o Brasil  segundo meteorologistas. Os bombeiros de todo o Brasil estão em estado de alerta por conta de um possível furacão previsto para esta semana em terras brasileiras.
O IMBRAIM (Instituto de Meteorologista Brasileiro Associado Internamente) deixou claro que há cerca de 85% de chances de um furacão passar pelo Brasil ainda esta semana.
“Provavelmente conheceremos a fúria de um furacão. E preparem-se pois o furacão que está se aproximando terá cerca de 10 vezes mais força que o Katrina, que devastou os EUA em 2005. É bom que estejamos preparados para o pior, por isso os bombeiros já estão fazendo um treinamento próprio para lidar com este tipo de situação” disse Fraga Mello, capitão de emergências do IMBRAIM.


furacao


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

6 (possíveis) futuros países dos quais você provavelmente nunca ouviu falar

Quantos países existem hoje no mundo? Desconfie de quem responder rápido demais. Atualmente, a Organização das Nações Unidas conta com 193 países membros e dois observadores – Santa Sé (Vaticano) e Palestina. Mas não para por aí. Estados não reconhecidos lutam para declarar sua independência e ter sua autonomia reconhecida diplomaticamente em todo o mundo. Conheça 6 possíveis futuros países dos quais você provavelmente nunca ouviu falar:
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1. Abecásia
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Se perguntar para os georgianos, é bem possível que se refiram a Abecásia como uma república autônoma da Geórgia. Mas aos abecásios interessa mesmo é ter seu território reconhecido como país independente. O impasse é antigo: toda a região era integrante da União Soviética e, no final da década de 1980, a tensão entre os dois povos se acirrou. Em 1991, a Abecásia declarou sua independência, o que culminou em uma guerra com a Geórgia no ano seguinte. Mesmo depois de conflitos, negociações e acompanhamento das Nações Unidas, a disputa não foi resolvida. Em 2008, outro embate na região (dessa vez, pela independência da Ossétia do Sul) acabou promovendo uma mudança: Rússia, Nicarágua, Venezuela, Nauru, Vanuatu e Tuvalu reconheceram formalmente a independência da Abecásia naquele ano. Mas a situação está longe de ser resolvida por lá, como você vê no próximo item.

2. Ossétia do Sul
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Localizada a 100 metros acima do mar, a Ossétia do Sul também está dentro dos limites da Geórgia. Desde o início da década de 1990, os ossetos defendem sua autonomia – entre 1991 e 1992, após a desintegração da União Soviética, a Ossétia entrou em combate pela primeira vez com os georgianos pela sua independência. Foi o primeiro de uma série de conflitos, o mais recente deles em 2008, quando forças armadas russas tomaram partido no embate sob o argumento de “defender cidadãos russos na Ossétia do Sul e seus próprios soldados de paz estacionados na região separatista”.
A Geórgia não gostou nada. E a situação só piorou quando a Rússia reconheceu formalmente a independência da Ossétia do Sul e da Acabésia em agosto do mesmo ano – decisão qualificada por Estados Unidos e França como “lamentável”. O desejo do povo osseano é se juntar aos seus semelhantes étnicos da Ossétia do Norte, república autônoma integrante da Federação Russa. Mas este objetivo não parece estar próximo de ser alcançado: a Geórgia não reconhece nem mesmo o nome “Ossétia do Sul”, e se refere à região por seu antigo nome, Samachablo; no resto do mundo, apesar de Nicarágua, Venezuela, Nauru, Vanuatu e Tuvalu terem reconhecido a independência do território, outras 15 nações já declararam que não irão legitimar a autonomia das regiões separatistas da Ossétia e da Abécasia.
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3. Transnístria
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Uma pequena faixa de terra localizada entre o rio Dniester e a fronteira ucraniana, a Transnístria é oficialmente parte da Moldávia, mas reivindica sua independência desde a década de 1990. Em 1991, o país impôs o idioma moldavo como língua oficial em todo o território, o que causou revolta na parte  russófona da população. O impasse desencadeou uma guerra civil no território separatista, que deixou mais de 700 mortos e contou com ajuda de intervenção militar russa. As nações assinaram um cessar-fogo em 1992, mas a autonomia política não foi obtida como esperado. Em 2006, um referendo realizado no país-em-potencial atestou o desejo da população de independência e união à Federação Russa. A Moldávia e a comunidade internacional não reconheceram este resultado e o conflito permanece.

4. Alto Carabaque (ou Nagorno-Karabakh)
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Em 12 de julho de 2012, cerca de 100 mil habitantes do Alto Carabaque compareceram às urnas para escolher o novo presidente do território pertencente ao Azerbaijão e próximo à fronteira da Armênia – na ocasião, Bako Sahakyan, quarto presidente do país, foi reeleito para um segundo mandato. A eleição foi vista com apreensão pelo mundo – o Alto Carabaque, também conhecido como Nagorno-Karabakh, não é reconhecido por nenhuma nação, nem mesmo pelos vizinhos. De maioria armena, o território é campo para conflitos e violações de direitos humanos desde a declaração unilateral de independência em 1991. Hoje, ambas as nações possuem mísseis ofensivos, e há apreensão pela possibilidade de agravação do embate entre os países vizinhos.

5. Somalilândia
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Ao chegar a este país localizado no Chifre da África, é bem provável que você veja logo a bandeira da Somalilândia hasteada. Se pegar um táxi ao desembarcar no aeroporto, já vá preparado – deve pagar em moeda local, o shilling da Somalilândia. Mas, não se deixe enganar: este é um país que não existe – pelo menos, não oficialmente. O território, antigo protetorado britânico, declarou sua independência unilateralmente em 1991. Apesar de não ser reconhecido internacionalmente por nenhuma nação, o território foi historicamente autônomo: o atual território da Somália estava dividido entre Itália, França e Inglaterra no século 19; a Somalilândia pertencia ao governo britânico, e chegou a ser independente por cinco dias antes de ser unificada à Somalilândia Italiana para a formação da República Federal da Somália, em julho de 1960.

6. Chipre do Norte
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O Chipre está dividido desde 1974, quando a Turquia invadiu a ilha depois que um golpe militar (apoiado pelo governo de Atenas) depôs o governo legítimo. Não saíram mais de lá. Forças de paz da ONU estimam que 165 mil cipriotas gregos fugiram ou foram expulsos do norte, e 45 mil cipriotas turcos do sul – partes envolvidas apontam que os números são ainda maiores. Em 1983, a área ocupada pela Turquia declarou unilateralmente a independência da República Turca de Chipre do Norte. Só a Turquia reconhece o território separatista, e o país mantém cerca de 30.000 tropas no norte da ilha.
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Imagens: Wikimedia Commons

13 escritoras que já ganharam o Prêmio Nobel de Literatura

Desde 1901, o prêmio Nobel da Literatura foi concedido aos 110 escritores cujo conjunto da obra foi considerado notável. Ao receber a cobiçada medalha em outubro de 2013, a canadense Alice Munro se tornou a décima terceira autora a ser agraciada pela Academia Sueca – número ainda tímido, mas que torna este o prêmio instituído por Alfred Nobel com mais representantes do sexo feminino, atrás apenas do Nobel da Paz, que já honrou o trabalho de 15 mulheres. Quer uma dica de leitura? Saiba um pouco mais sobre as 13 escritoras vencedoras do prêmio Nobel:

1. Selma Lagerlöf (1858-1940)
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“Em apreciação ao grande idealismo, à vívida imaginação e à percepção espiritual que caracterizam seus escritos”
País: Suécia
Ano da premiação: 1909
Além de ter sido a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel da Literatura, em 1909, em 1914 a sueca Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf se tornou também a primeira a integrar a Academia Sueca, instituição responsável pela premiação instituída por Alfred Nobel. Entre os seus livros traduzidos para o português estão o infanto-juvenil A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson através da Suécia (1906) e De Saga em Saga (1908), coletânea de contos e pequenas histórias.

2. Grazia Deledda (1871-1936)
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“Por seus escritos idealisticamente inspirados que, com clareza plástica, retratam a vida em sua ilha nativa e, com profundidade e simpatia, falam dos problemas humanos em geral”
País: Itália
Ano da premiação: 1926
Amor, dor, morte. Ambientados na ilha de Sardenha, os escritos da italiana Grazia Deledda são perpassados pelo sentimento do pecado e da fatalidade da vida. No Brasil, podem ser encontradas edições das obras Caniços ao Vento (1913) e Cosima (1937), livro póstumo que reúne suas memórias.
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3. Sigrid Undse (1882-1949)
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“Principalmente por suas poderosas descrições da vida no norte durante a Idade Média”
País: Dinamarca
Ano da premiação: 1928
Nascida em Kalundborg, na Dinamarca, mas criada na Noruega, Sigrid Undse perdeu seu pai aos 11 anos. Os problemas financeiros impediram que frequentasse a universidade, mas o trabalho como datilógrafa acabou estimulando sua vontade de escrever. Aos 22 anos concluiu seu primeiro livro, que se passava na Idade Média. O manuscrito foi recusado, mas a temática acabou se repetindo em sua obra mais aclamada, a trilogia Kristin Lavransdatter (1920-1922, sem edição brasileira), romance histórico que se passa na Dinamarca medieval e acompanha a personagem título, uma mulher com múltiplos conflitos com seus pais e marido e que, gradualmente, perde a inocência.

4. Pearl Buck (1892-1973)
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“Por suas descrições ricas e verdadeiramente épicas da vida camponesa na China e por suas obras primas biográficas”
País: Estados Unidos
Ano da premiação: 1938
Também conhecida por seu nome chinês, Sai Zhen Zhu, a estadunidense Pearl S. Buck era filha de missionários presbiterianos. Com sua família, passou grande parte de sua vida na China, onde escreveu obras aclamadas como A Boa Terra (1931), best-seller que acompanha a vida de uma família chinesa no campo no período anterior à Primeira Guerra Mundial, pelo qual recebeu o Prêmio Pulitzer. Após seu retorno para os Estados Unidos, em 1935, além de dar continuidade à sua carreira como escritora, tornou-se uma proeminente defensora dos direitos das mulheres e de grupos minoritários, produziu grande literatura sobre culturas asiáticas, e tornou-se conhecida por seus esforços em nome da Ásia e adoção mestiça.

5. Gabriela Mistral (1889-1957)
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“Por sua poesia lírica que, inspirada por emoções fortes, fez de seu nome um símbolo das aspirações idealistas de todo o mundo latino-americano”
País: Chile
Ano da premiação: 1945
Gabriela Mistral era o pseudônimo de Lucila Godoy Alcayaga, poeta, educadora e feminista chilena que se tornou a primeira representante (e, até o momento, única escritora do sexo feminino) da América Latina a receber o prêmio Nobel de Literatura. Nascida e criada em áreas humildes do norte do Chile, desde cedo teve contato estreito com a pobreza. Para ajudar sua família, Gabriela trabalhava como professora assistente no sistema público de ensino enquanto trabalhava nos versos que a fizeram famosa internacionalmente. O primeiro reconhecimento de sua obra veio em 1914, quando ganhou o primeiro lugar no concurso literário nacional Juegos Florales, com o trabalho Sonetos da Morte, do mesmo ano.

6. Nelly Sachs (1891-1970)
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“Por sua excepcional escrita lírica e dramática, que interpreta o destino de Israel com força tocante”
País: Alemanha
Ano da premiação: 1966
A ascensão do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial na Europa deixou grandes marcas na escrita e na vida da autora judia alemã Nelly Sachs. Quando os nazistas tomaram o poder, a escritora foi tomada pelo terror, chegando a perder a capacidade de falar. Foi com a ajuda da também escritora e vencedora do Nobel, Selma Lagrlörf, que Nelly conseguiu fugir para a Suécia em 1940. Depois da morte de sua mãe, foi acometida por colapsos nervosos, alucinações e delírios de perseguição pelos nazistas, e passou vários anos em uma instituição mental. Mas, durante esse tempo, nunca parou de escrever e sua obra fez com que fosse considerada uma importante porta-voz da tristeza e anseios dos companheiros judeus.
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7. Nadine Gordimer (1923-)
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“Que, através de sua magnífica escrita épica, trouxe – nas palavras de Alfred Nobel – grande benefício para a humanidade”

País: África do Sul
Ano da premiação: 1991
Nadine Gordimer testemunhou de perto a repressão do governo – quando ainda era adolescente, a polícia invadiu a casa se sua família, confiscando cartas e diários do quarto de sua empregada. Interessada em agir ativamente contra a desigualdade racial e econômica na África do Sul, a escrita da autora e ativista política lida com as difíceis escolhas morais originadas em uma sociedade marcada pela segregação racial, tratando particularmente o apartheid – durante o qual um de seus livros, O Pessoal de July (1982), foi banido.

8. Toni Morrison (1931-)
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“Que, nos romances caracterizados por força visionária e importância poética, dá vida a um aspecto essencial da realidade americana”
País: Estados Unidos
Ano da premiação: 1993
Nascida Chloe Ardelia Wofford, Toni Morrison é conhecida por seus fortes romances que trazem experiências de mulheres negras nos Estados Unidos. Toni começou a escrever quando passou a fazer parte de um grupo informal na Universidade de Howard, onde poetas e escritores se encontravam para discutir trabalhos. A primeira história que apresentou falava de uma garota negra que sonhava em ter olhos azuis – conto que foi desenvolvido e deu origem ao seu romance de estreia, O olho mais azul (1970). Em 1987, Amada, romance que acompanha a história de Sethe, uma ex-escrava, consolidou seu reconhecimento ao receber o National Book Award, o National Book Critics Circle Award e o Prêmio Pulitzer de ficção.

9. Wislawa Szymborska (1923-2012)
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“Pela poesia que, com precisão irônica, permite que o contexto histórico e biológico venha à luz em fragmentos da realidade humana”
País: Polônia
Ano da premiação: 1996
Considerada a “Mozart da poesia”, a escrita de Wislawa Szymborska era conhecida pelo uso de fábulas, anedotas e metáforas prolongadas, muitas vezes temperadas com ironia e humor amargo. Sua reputação e premiação se baseiam em um conjunto de trabalhos relativamente reduzido, com menos de 350 poemas. Perguntada sobre o motivo de tão poucos de seus escritos terem sido publicados, a autora, que faleceu em 2012, respondeu certa vez: “eu tenho uma lata de lixo em minha casa”.

10. Elfriede Jelinek (1946-)
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“Pelo fluxo musical de vozes e contra-vozes em romances e peças de teatro que, com extraordinário zelo linguístico, revelam o absurdo dos clichês da sociedade e seu poder de subjugar”
País: Áustria
Ano da premiação: 2004
O trabalho literário mais sério de Elfriede Jelinek começou como parte de sua terapia. Depois de crescer em um ambiente familiar conflituoso e lidar com pressão crescente que desencadeou um ataque de ansiedade, a austríaca se voltou às letras. Sua primeira obra, a coetânea Lisas Shatten, foi publicada em 1967 e, em 1969, recebeu seu primeiro prêmio literário. O editor Friederike Eigler afirma que Jelinek tem três principais e inter-relacionados “alvos” em sua escrita: a sociedade capitalista de consumo e a mercantilização de todos os seres humanos e as relações; os resquícios do passado fascista da Áustria na vida pública e privada; e a exploração sistemática e opressão das mulheres em uma sociedade capitalista-patriarcal.

11. Doris Lessing (1919-)
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Poeta da experiência feminina, que com cepticismo, fogo e poder visionário, sujeitou uma civilização dividida ao escrutínio”
País: Pérsia/Irã
Ano da premiação: 2007
Doris Lessing, pessoa mais velha a receber o Nobel da Literatura, aos 88 anos, abandonou a escola aos 14 anos, quando passou a se educar de forma independente. Trabalhando como enfermeira, leu muito sobre política e sociologia, o que a motivou a começar a escrever. Por causa de seu envolvimento em campanhas contra armas nucleares e o apartheid sul-africano, Lessing foi banida daquele país e da Rodésia durante muitos anos. Ela se mudou para Londres com seu filho mais novo, em 1949, onde publicou seu primeiro romance, A Canção da Relva (1950) e o inovador O Carnê Dourado (1962).

12. Herta Müller (1953-)
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“Que, com a concentração da poesia e a franqueza da prosa, retrata a paisagem dos desfavorecidos”
País: Romênia
Ano da premiação: 2009
Nascida em Nitchidorf, perto de Timisoara, numa região de tradição germana na Romênia, Herta Müller é conhecida por suas obras que retratam os efeitos da violência, da crueldade e do terror, geralmente no contexto do regime repressivo de Nicolae Ceauşescu, em que ela viveu até os 34 anos de idade, antes de se exilar na Alemanha. Em 1982, lançou seu livro de estreia, uma reunião de contos intitulada Niederunge, censurada pelo governo comunista na época. Entre os livros da autora disponíveis em português, estão O Compromisso e Tudo o que Tenho Levo Comigo.
Leia também: Prêmio Nobel de Literatura Herta Müller é internada
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13. Alice Munro (1931-)
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“Mestre do conto contemporâneo”
País: Canadá
Ano da premiação: 2013
Em 112 anos, esta é a primeira vez que a academia sueca premia um autor que escreve apenas contos. Não escolheram aleatoriamente: críticos acreditam que a canadense Alice Munro foi responsável por revolucionar a arquitetura do gênero, com quebras temporais e experimentações. Chamada pela escritora Cynthia Ozick de “a Tchéckhov dos norte-americanos” (em referência ao russo Anton Tchéckhov, autor de peças como Tio Vânia e As três irmãs), as histórias de Alice geralmente se desenvolvem em cidades pequenas, “onde a luta por uma existência decente gera muitas vezes relações tensas e conflitos morais, ancorados nas diferenças geracionais ou de projetos de vida contraditórios”, destacou a Academia Sueca. No Brasil, Alice Munro tem, atualmente, quatro livros publicados, as coletâneas de histórias curtas Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento, A Fugitiva, Felicidade Demais e O Amor de uma Boa Mulher.

Imagens: Nobel Prize.org

7 casos surpreendentes de roubos de obras de arte

O Art Loss Register, banco de dados internacional que acompanha os casos de obras de arte roubadas, registra atualmente mais de 300 mil obras furtadas no mundo – e este número cresce a um ritmo de 10 mil novos casos por ano. O mercado negro das artes pode ser muito lucrativo – apesar da dificuldade de revender icônicas obras sem atrair atenção, os valores milionários fazem que muitos ladrões tentem a sorte. Muitos homens e muitos segredos envolvem os golpes de mestre – conheça 7 casos surpreendentes de roubos de obras de arte:
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1. O caso do ladrão que saiu do armário

Ano: 1911
Valor: 720 milhões de dólares (com correção monetária)
Este sorrisinho maroto sempre fez sucesso entre os reis da França – já esteve até no quarto de Napoleão. Uma das mais icônicas pinturas do mundo, a Mona Lisa de Leonardo da Vinci, foi concluída na Itália entre os anos de 1503 e 1506, mas não demorou muito a se tornar um tesouro da coroa francesa – a obra passou a integrar o acervo quando Francisco I governou o país, entre os anos de 1515 e 1547. Desde 1797, a pintura está em exposição no Museu do Louvre, em Paris, mas, no dia 20 de agosto em 1911, seu espaço de destaque amanheceu vazio. O crime, realizado na calada da noite, chocou a França e causou intrigas – o poeta Guillaume Apollinaire foi preso como suspeito; ele, por sua vez, acusou Pablo Picasso de roubar o quadro. Ambos foram descartados como suspeitos, mas o quadro permaneceu sumido por outros dois anos.
O mistério só foi resolvido em 1913, quando autoridades prenderam Vincenzo Perugia. O italiano, antigo funcionário do Louvre, tentava vender a icônica peça na Galeria Uffizi, em Florença, quando foi descoberto. Para levar para casa a peça de valor inestimável, Vincenzo não precisou de um plano muito engenhoso: ao final do turno, na noite anterior, o funcionário simplesmente se escondeu no armário de vassouras; ao amanhecer, saiu com o quadro escondido debaixo do casaco. A segurança, pelo visto, não era lá muito rigorosa no início do último século. O crime foi considerado um ato patriótico (Vincenzo, que cumpriu uma pena de poucos meses, tentava devolver o quadro ao seu país de origem), mas teria sido também bastante lucrativo – na década de 1962, o seguro da obra foi avaliado em 100 milhões de dólares, valor que hoje ultrapassaria a marca dos 700 milhões. Uau.
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Leia também: 10 pinturas mais caras do mundo
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2. O caso do bigode engomado

Ano: 1990
Valor: 500 milhões de dólares (com correção monetária)
Nada de passos elaborados de capoeira ou mini coopers turbinados. Um dos maiores roubos da história dos EUA foi bem sucedido graças a uma fantasia de policial e um bigodinho falso demais para ter colado. Em 15 de março de 1990, o Isabella Gardner Museum, em Boston, recebeu uma visita irregular. Dois policiais apareceram à porta do museu no meio da madrugada – estavam ali respondendo a um chamado, informaram. Sem suspeitarem de nada, os guardas do local permitiram a entrada dos “policiais”. Lá dentro, os dois impostores não demoraram muito até conseguirem render os guardas. E aí fizeram a festa. Tranquilões, os ladrões disfarçados passaram quase uma hora e meia checando o acervo e saíram de lá com treze obras de arte, avaliadas, na época, em cerca de 300 milhões de reais.
Passados 23 anos desde o histórico roubo, as importantes obras de Rembrandt, Degas, Vermeer e Manet continuam desaparecidas. O FBI oferece recompensa de 5 milhões de dólares para quem tiver informações sobre o paradeiro das obras. E a investigação continua: no ano passado, dois suspeitos foram apreendidos. Este ano, as atenções se voltaram também para os guardas que permitiram o gigante rombo.

3. O caso dos dribles

Ano: 2000
Valor: 30 milhões de dólares
Danny Ocean e seus 10 amigos certamente invejariam a engenhosidade do plano armado pelos responsáveis por este crime. Em 2000, três homens adentraram o Museu Nacional da Suécia, em Estocolmo, empunhando uma metralhadora – nada muito sutil, é verdade. Enquanto um deles guardava a entrada os outros dois ficaram encarregados de pegar um autorretrato de Rembrandt e dois quadros de Pierre-Auguste Renoir. Antes de a polícia chegar, os ladrões conseguiram fugir do museu beira-mar em uma lancha, levando as obras avaliadas em mais de 30 milhões de dólares. Dá até para imaginar a trilha sonora.
Mas, o que torna o evento inusitado não é apenas a saída de mestre. Enquanto o trio estava no local, distrações coordenadas aconteciam em outros pontos da cidade: dois carros foram incendiados (para desviar a atenção das autoridades), e spikes foram colocados nas estradas ao redor do museu para furar os pneus das viaturas.
A sagacidade dos ladrões não durou tanto tempo – menos de duas semanas depois, oito homens envolvidos no crime foram presos. Até 2006, todos os quadros já haviam sido recuperados.

4. O caso do caminho subterrâneo

Ano: 2002
Valor: 1 milhão de dólares
Tudo começou seis meses antes. Narciso Ramón Narvaes e Wilfrido Alvarez Cubas alugaram um imóvel a cerca de 25 metros do Museo Nacional de Bellas Artes de Asunción, no Paraguai. A localização poderia ser considerada privilegiada para os amantes das artes. Para a dupla, era mais do que isso. Era estratégica. O objetivo de Narciso e Wilfrido era entrar no museu sem serem vistos. E eles encontraram uma maneira engenhosa para fazer isso: por debaixo da terra. Três metros abaixo do nível da rua, os dois ladrões cavaram um túnel ligando o imóvel alugado à galeria. No dia 29 de julho de 2002, colocaram o plano em ação: no chamado “roubo do século”, foram levados cinco quadros, entre eles obras de Esteban Murillo, Gustave Coubert e Adolpe Piot, avaliadas em mais de 1 milhão de dólares. Em 2008, La Virgen y el Niño, quadro do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo foi recuperado na posse de Rubén Darío Gonzáles, boliviano que teria sido o mandante do roubo cinematográfico.
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Leia também: 5 maiores roubos do mundo a instituições financeiras

5. O caso de duas toneladas


Ano:
2005
Valor: 3 milhões de dólares
Sem preocupações, ela se espreguiçava nos gramados. Com dimensões avantajadas (1,8 metros de altura e 3,6 metros de largura) e pesando mais de 2 toneladas, era natural supor que a imponente escultura do britânico Henry Moore estaria segura no jardim da fundação beneficente que leva o nome do artista, na Inglaterra. Só que não foi bem assim. Desafiando as probabilidades com uma manobra cinematográfica, em dezembro de 2005, dois carros invadiram os gramados da instituição e, com ajuda de um guindaste, levaram embora a importante obra abstrata conhecida como Reclining Figure LH608. Caso esteja se perguntando como os ladrões conseguiram passear por aí com uma escultura do tamanho de um hipopótamo sem atrair atenção, saiba que esta história não tem um final feliz: em 2009 a polícia informou que a peça, com valor estimado em mais de 3 milhões de dólares, foi perdida para sempre – por menos de 3 mil dólares, foi vendida como sucata.

6. O caso dos três minutos

Ano: 2007
Valor: 180 milhões de reais
No dia 20 de janeiro de 2007, duas das mais importantes obras dos Masp (Museu de Arte de São Paulo) foram roubadas – em apenas 3 minutos. Aproveitando o horário de troca de turno dos seguranças, os ladrões adentraram o museu no meio da madrugada. Entre 5h09 e 5h12, conseguiram levar as obras O Lavrador de Café, de Candido Portinari (1939) e Retrato de Suzanne Bloch, de Pablo Picasso (1904). Por sorte, as obras foram localizadas intactas apenas 18 dias depois, em Ferraz de Vasconcelos, Região Metropolitana de São Paulo. Ufa.
Leia também: Obras de arte: Surrupiou mas não levou
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7. O caso do exército de um homem só

Ano: 2010
Valor: 100 milhões de dólares
Mais que um golpe de mestre, o roubo no Museu de Arte Moderna de Paris foi um golpe de sorte. Em maio de 2010, um único homem foi capaz de entrar e sair do museu com cinco valiosas obras sem disparar nenhum alarme. O ladrão cortou o cadeado do portão e quebrou uma janela para adentrar o local. As câmeras de segurança filmaram o ladrão saindo com quadros de Henri Matisse, Georges Braque, Amedeo Modigliani, Fernand Leger e Pablo Picasso, mas o sumiço das obras só foi percebido na manhã seguinte. Como isso foi possível? Foi revelado posteriormente, que, quando o roubo aconteceu, o alarme de 15 milhões de dólares do museu estava estragado – há 3 meses. Ops.
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Fontes: BBC; Boston Globe; USA Today; Território Nacional; Time; FBI
Imagens: Reprodução

9 ladrões famosos da história

Planos perfeitos, golpes de mestre, grandes roubos de trens, homens e seus muitos segredos. Para cada Danny Ocean, Robin Hood ou Carmen Sandiego que povoam a ficção, a realidade nos ofereceu casos incríveis de ladrões que marcaram não só as páginas de livros, mas também a cultura popular. Entre trapaceiros e inimigos públicos, relembre 9 ladrões famosos da história:
1. Dick Turpin (1705-1739)
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Nascido na Inglaterra, Dick Turpin inicialmente seguiu os passos do pai e trabalhou como açougueiro por alguns anos antes de resolver apostar suas fichas no crime. No início da década de 1730, Dick se juntou a uma gangue que roubava cervos. Não demorou muito para se tornar assaltante, assassino e, principalmente, ladrão de cavalos – delito pelo qual era mais famoso e que, no fim, acabou lhe custando o pescoço. Capturado em 1738, o inglês foi condenado à morte. Seus feitos em (curta) vida podem não parecer tão notáveis, mas sua execução, em 1739, lhe tornou uma lenda do crime, tendo sido tema de baladas e de peças populares durante os séculos 18 e 19 – a maioria delas aumentando alguns pontos nos contos sobre suas aventuras.

2. Jesse James (1847-1882)
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Trens, bancos, carruagens – nada estava a salvo quando Jesse James dominava o Velho Oeste. Nascido no Missouri em uma família dona de escravos durante a Guerra de Secessão, Jesse e seu irmão Frank se juntaram à Gangue Quantrill, grupo de guerrilheiros que apoiou o exército confederado separatista e escravagista. Com o fim da Guerra Civil, em 1865, Jesse se dedicou ao crime. Um ano depois já tinha encabeçado o primeiro dos muitos roubos a bancos que apareceriam nas páginas dos jornais e o tornariam famoso. Se ele já era uma celebridade em vida, a morte o tornou ainda mais lendário. Em 1882, James foi assassinado pelo covarde por Robert Ford, amigo e membro de sua própria gangue que ficou de olho na recompensa generosa oferecida pelo governador do Missouri pela captura do fora-da-lei.

3. Billy the Kid (1859-1881)
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Um assassinato para cada ano de vida. Assim foi imortalizado o habilidoso atirador e fora-da-lei, nascido William Henry McCarty, em um obituário publicado na semana de sua prematura morte, aos 21 anos. Mas o dado, provavelmente, não passa de ~licença poética~. Billy teria matado menos de dez pessoas ao longo de sua curta vida. A fama teve início quando o jovem pistoleiro começou a roubar, ainda na adolescência. Se a infância pobre o levou ao crime por necessidade, logo se tornou meio de vida, e the Kid se arriscava roubando cavalos e gado. Chegou a ser condenado à forca pela morte de um xerife, mas conseguiu fugir da prisão. Só que não demorou muito a ser capturado: em 1881 foi morto por um tiro do xerife Pat Garrett.
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4 e 5. Butch Cassidy (1866-1908) e Sundance Kid (1867-1908)
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Sundance Kid (sentado na ponta esquerda), Butch Cassidy (na ponta direita) e o restante do Wild Bunch.
Antes de se tornar uma lenda do crime, Butch Cassidy, nascido Robert LeRoy Parker, trabalhou em ranchos e açougues. Chegou a ser preso em 1894, por acusações de roubo de cavalos. Mas foi só depois de cumprir dois anos na prisão que Cassidy passou a se dedicar aos crimes que lhe garantiriam notoriedade – foi um planejador mestre de assaltos a bancos e trens, liderando a gangue Wild Bunch, da qual fazia parte seu parceiro Sundance Kid. Os caminhos de Butch e Sundance – nascido Harry Alonzo Longabaugh – se cruzaram depois que o ex-açougueiro saiu da prisão. A gangue era conhecida por empregar pouca violência e por sua eficiência – através de negociação e intimidação, realizaram juntos grandes assaltos. Procurados pela lei, em 1901, a dupla, acompanhada pela namorada de Sundance, Etta Place, fugiu para a Argentina e, depois, para a Bolívia. Por lá, não demoraram a voltar aos velhos hábitos. Reza a lenda que os bandidos foram mortos em um tiroteio em 1908, mas detalhes da morte de Butch Cassidy e Sundance Kid nunca foram confirmados.

6. John Dillinger (1903-1934)
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Inimigo Público número 1. Assim era conhecido o americano John Dillinger, gângster que levava a sério seu trabalho. Durante a Grande Depressão, ele conduziu uma onda de assaltos no país – foram quatro delegacias de polícia e mais de 20 bancos saqueados. Seus feitos ousados estampavam os jornais e Dillinger ganhava popularidade, o que não agradou nem um pouco o governo americano, que pediu providências. O FBI, liderado por J. Edgar Hoover, promoveu uma caçada humana ao fora-da-lei, que acabou sendo morto a tiros em 1934.

7 e 8. Bonnie (1910-1934) e Clyde (1909-1934)
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Foi também durante a Grande Depressão que o casal de bandidos Bonnie e Clyde consolidou sua reputação e entrou para a lista de inimigos públicos do Estado. No currículo da dupla estão cerca de doze roubos a bancos, outros muitos assaltos a postos de gasolina e pequenas lojas, além do assassinato desnecessário de uma porção de pessoas que deram o azar de cruzar o caminho dos jovens fora-da-lei. Depois de quatro anos juntos, o casal caiu em uma emboscada em maio de 1934 e foi alvejado por policiais.

Imagens: Domínio Público

Qual é o melhor horário para tomar café?



Café para acordar pelas manhãs, café para não dormir depois do almoço, café para dar uma energia extra no fim do expediente. Ou café por café. Toda hora é hora. Só não é quando não é. Entende? Bem, a ciência explica melhor.
Você e eu (e a maioria dos bichos) somos guiados por ciclos circadianos, que funcionam como um relógio biológico que nos diz quando devemos comer ou dormir, por exemplo. É capaz de alterar nosso humor e comportamento do organismo. E também o modo como as drogas, tipo o café, entram em nosso corpo. A culpa é dos hormônios, regulados por estes ciclos.
Quer ver só como funciona? Imagine um desses dias em que você acorda louco para tomar um café. Toma logo duas xícaras, às oito da manhã. E ainda assim não sente o efeito da cafeína. Isso tem uma explicação: geralmente entre oito e nove da manhã, orientado pelo relógio biológico, seu corpo produz muito cortisol, hormônio relacionado ao estresse. E isso deixa você num estado de alerta. Aí o café, que causa esse mesmo efeito, não faz a menor diferença. É como se seu corpo criasse uma resistência à droga, já que ela não é necessária.
Portanto, os melhores horários para tomar café são aqueles em que os níveis de cortisol no corpo estão em baixa. Fuja destes horários: entre oito e nove da manhã, meio-dia e uma da tarde, e cinco e meia e seis e meia da tarde – são, em geral, os momentos de pico do cortisol. Em qualquer outra hora (tipo às 10h ou às 14h), as chances de sentir os efeitos do café parecem maiores. Aproveita!
(Via Gizmodo)
Crédito da foto: flickr.com/illuminaut

E se o cão não fosse o melhor amigo do homem?

Da filosofia à viagem do homem à Lua, muita coisa seria diferente. E teríamos que nos contentar com o gato, que nem assim seria nosso melhor amigo.

 


É provável que os gatos fossem os bichos mais populares entre os humanos. Mas eles não substituiriam cachorros, pois não preenchem as mesmas funções sociais dos cães. Gatos respondem com mais dificuldade a gestos de comunicação, não percebem alterações de humor e, como todo dono de gato sabe, não são facilmente adestráveis. Enquanto isso, os cães viveriam a vida louca da selva. Na verdade, eles seriam lobos, já que os cachorros como conhecemos, dos vira-latas aos pugs sem focinho, só foram possíveis graças ao convívio com o homem.

Tudo começou 15 mil anos atrás, quando descobrimos que poderíamos plantar alimentos em vez de vagar pelo mundo em busca de comida. Lobos viram nos nossos dejetos uma oportunidade, mas se assustavam com a presença humana e fugiam. Os que tinham mais fome e menos medo ficavam - e acabaram desenvolvendo estratégias para ganhar comida desse macaco pelado. Além de ficarem mais fofos e dóceis, passaram a digerir amido, o que não acontecia entre lobos, segundo um estudo da Universidade de Uppsala, na Suécia. E nós também vimos vantagem nesses animais: poderiam ser bons caçadores, condutores de rebanho, companhias fiéis.

Sem essa amizade, a história da civilização poderia ser um pouco diferente. A saída do homem da Terra poderia ter atrasado caso a cadela Laika não estivesse disponível para ser o primeiro ser terráqueo a orbitar o planeta - a simpática cadelinha morreu torrada sete horas depois do lançamento, um sacrifício difícil de pedir a um humano. Cachorros eram os melhores passageiros porque possuem inteligência e disciplina para aguentar o confinamento. Sem eles, os estudos de como seres vivos se comportam no espaço estariam comprometidos. Assim como o cinema. Um pastor alemão salvou um dos maiores estúdios da história da bancarrota. Sem os 26 filmes de sucesso de Rin Tin Tin, a Warner Bros não seria mais do que o sonho de quatro irmãos poloneses querendo dar certo na vida.

Ainda mais importante, nosso conhecimento sobre política, filosofia, arte, literatura, astronomia e física seria muito diferente caso o valente cão Péritas não tivesse salvo Alexandre, o Grande, de ser esmagado por um elefante. No episódio histórico, o cachorro investiu contra o paquiderme durante um ataque na decisiva Batalha de Gaugamela, que deu a Alexandre o título de imperador persa. Assim, Alexandre tornou possível o contato da cultura grega com a romana, criando a cultura helenística, base para grande parte do conhecimento ocidental.

Realidômetro - 3
Os cães evoluíram tão perto da humanidade que é difícil imaginar como seríamos sem eles por perto, latindo.

Fontes Daniel Svevo, consultor de comportamento da empresa de adestramento Cão Cidadão; livro 100 Cães que Mudaram a Civilização, de Sam Stall; Pesquisa Euromonitor Internacional; Stanley Coren, professor do Departamento de Psicologia da Universidade da Colúmbia Britânica, Canadá.

Espiritismo , que religião é essa?

Criado por um pedagogo, o Espiritismo surgiu na França no século XIX. Hoje, o Brasil possui a maior comunidade espírita do mundo. Saiba tudo sobre a religião que considera a morte apenas uma etapa da evolução pessoal e que acredita na vida em outros planetas
Jesus Cristo não é o enviado de Deus à Terra. É apenas um espírito mais evoluído que serve de guia para toda a humanidade.
A morte de um ente querido, por mais dolorosa que seja, não deve ser encarada de forma absolutamente negativa. Muitas vezes, é apenas o encerramento de uma missão no mundo dos vivos.
Vivemos cercados de espíritos, alguns bons, outros ruins.
As afirmações acima – que batem de frente com os princípios fundadores de muitos credos, entre eles a fé católica e todas as demais religiões dela derivadas – costumam ser proferidas de maneira desassombrada pelos espíritas em centenas de centros espalhados pelo Brasil. Pudera. Fazem parte das idéias básicas de uma religião professada por 2,3 milhões de brasileiros, segundo o último censo do IBGE.
A enorme receptividade do Espiritismo no Brasil é mais um dos inúmeros paradoxos da fé em terras tupiniquins. Embora a pátria-mãe do Espiritismo seja a França – país de Allan Kardec, o homem que, no século XIX, compilou e decodificou os princípios que até hoje orientam os 15 milhões de adeptos no mundo todo –, foi no Brasil que essa religião, gestada numa era em que a ciência se desenvolvia vertiginosamente, encontrou terreno fértil para se alastrar do Oiapoque ao Chuí. Por quê? A resposta está tanto no Espiritismo quanto no povo brasileiro.


O QUE É
Religião ou doutrina? Se você perguntar a algum freqüentador assíduo de centro espírita, provavelmente receberá a seguinte resposta: o Espiritismo é uma doutrina revelada pelos espíritos superiores a Allan Kardec, que a codificou em cinco obras: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1859), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1863), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868).
Mas isso explica muito pouco. Doutrinas há de todas as cores e matizes ideológicos. O Marxismo também é uma doutrina baseada em um livro fundamental (no caso, O Capital, de Karl Marx), mas nem por isso deve ser encarado como uma religião. A Psicanálise, também. Assim ocorre com outras filosofias. A diferença básica está na forma de encarar a realidade. “Se você explica a realidade social pela realidade transcendente, sua visão é religiosa”, afirma Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti, professora do Departamento de Antropologia Cultural da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e estudiosa do Espiritismo no Brasil. Isso quer dizer que, sim, o Espiritismo é uma religião – pois apresenta toda uma série de explicações espirituais e divinas para eventos tão comezinhos quanto o mau humor do seu vizinho e tão devastadores quanto a morte de alguém em sua família.
Típico rebento do século XIX – o mesmo das teorias evolucionistas de Charles Darwin, da Tabela Periódica, da redescoberta das filosofias orientais e do Positivismo de Auguste Comte –, o Espiritismo consegue a proeza de mesclar Catolicismo primitivo (caridade), Budismo (reencarnações), Darwin (evolucionismo) e um caldeirão de credos esotéricos que estavam em plena voga nos anos 1800 – e que geraram filosofias tão diversas como o Espiritualismo de Emannuel Swedenborg e a Teosofia de Madame Blavatsky. “É uma religião de síntese”, afirma Maria Laura.
E só poderia ser assim mesmo. Seu iniciador, Allan Kardec (1804-1869), era um pedagogo que fundou na própria casa um curso gratuito de Química, Física, Anatomia e outras ciências que galvanizaram as mentes curiosas do século XIX e ajudaram a preparar o terreno para as revoluções científicas da nossa era. Kardec inclusive chegou a estudar Medicina, mas logo abandonou os planos de atuar nessa profissão. É por essa razão que, desde o início do movimento espírita, ele sempre fez questão de apresentar, com um vocabulário inspirado nas ciências, eventos como comunicação com espíritos e o movimento de objetos sem ação humana aparente. Num texto bastante famoso, o iniciador do Espiritismo explica seu método: “Apliquei a esta nova ciência, como tinha feito até então, o método de experimentação; nunca elaborei teorias preconcebidas: eu observava atentamente, comparava, deduzia as conseqüências...”.
A identificação explícita com o método de dedução científica foi uma tentativa de livrar o Espiritismo da pecha de irracionalidade num tempo em que a Razão era um verdadeiro dogma. E também foi – numa estratégia inversa – uma afirmação do Espiritismo como reunião de doutrinas religiosas, científicas e filosóficas para fazer frente às verdades incontestáveis da Igreja Católica. E essa, logo iria mostrar seu desagrado com a nova religião. Porque a afirmação do Espiritismo foi uma luta difícil e demorada, como se verá a seguir.
COMO SURGIU
Um dia, andando pelas ruas de Paris, Hippolyte Léon Denizard Rivail encontrou-se com um amigo de nome Carlotti, que lhe descreveu uma série de eventos extraordinários, supostamente provocados pela ação direta de espíritos.
Curioso e ainda descrente, Rivail começou a freqüentar algumas reuniões – e teria visto seu ceticismo virar picadinho ao observar mesas e outros objetos ganharem movimento sem a ajuda de qualquer pessoa ou mecanismo especial. Disposto a entender esses fenômenos, Rivail mergulhou no estudo de várias correntes do misticismo e começou (num gesto que viria confirmar suas inclinações científicas) a experimentar e repetir vários daqueles que seriam fenômenos de comunicação com o mundo dos mortos.
Numa das sessões que presenciava, Rivail ouviu de um médium que ele já fora um celta chamado Allan Kardec. E que, como Kardec, ele deveria reunir os muitos ensinamentos e conclusões dos últimos séculos numa doutrina que propagasse os ideais de Cristo e trouxesse alívio para os corações dos homens. Imbuído desse espírito (sem trocadilhos), Kardec começou a trabalhar na síntese que gerou o Espiritismo.
Em 1857, Kardec trouxe à luz O Livro dos Espíritos. É a partir dessa obra que se pode falar em Espiritismo (a palavra, aliás, é um neologismo cunhado pelo próprio Kardec para diferenciar a nova religião dos inúmeros espiritualismos que estavam na moda). E – outro elemento de diferenciação com as demais religiões – tinha a retórica livremente inspirada no vocabulário e no método expositivo dos livros de ciências naturais do século XIX. Uma linguagem sintética, facilmente compreensível e nada hermética.
Contudo, a nova religião iria despertar a fúria da Igreja Católica. Os motivos dão força a um debate que, mesmo hoje, mais de cem anos depois, ainda inflamam adeptos e estudiosos acadêmicos. Primeiro motivo: no Espiritismo, Cristo não é o filho de Deus – mas um espírito mais evoluído. Segundo motivo: a Redenção no Catolicismo é um evento único, total, universal. No Espiritismo ela se dá em conta-gotas, a cada passo da evolução de cada um dos espíritos.
Só essas duas diferenças já serviriam para provocar uma cisão. Sem falar na possibilidade de reencarnação, que não existe no Catolicismo. Mas – pelo menos entre os espíritas – a identificação com a fé cristã é total. “A fé espírita é baseada nos ensinamentos de Jesus: logo, é uma religião cristã”, afirma Durval Ciamponi, presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo.
“O Espiritismo não é uma religião cristã”, diz Antônio Flávio Pierucci, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP) e um dos maiores estudiosos da religiosidade brasileira. “Os espíritas utilizam o Cristianismo para se legitimarem.” Pierucci vai mais longe. Afirma que esse vínculo com a Igreja Católica pregado pelos espíritas serviu, durante décadas, para lutar contra a discriminação: “O Espiritismo faz força para não parecer uma religião exótica”.
Esse alinhamento com os evangelhos pode ser explicado pelas perseguições sofridas pelos adeptos do Espiritismo. Já em 1861, o bispo de Barcelona, na Espanha, promoveu um auto-de-fé com livros espíritas. Uma enorme fogueira queimou os livros de Kardec. Junto com a Igreja, nessa mesma época cientistas e políticos europeus (influenciados pela Igreja ou não encontrando na doutrina o rigor que ela declarava ter) iniciaram uma poderosa campanha de difamação do Espiritismo.
No final das contas, grande parte dos estudiosos acadêmicos do Espiritismo considera a religião uma espécie de neocristianismo. “Jesus
Cristo é um elemento comum entre as duas religiões. As diferenças não apagam as semelhanças”, afirma Maria Laura.
E assim, identificado com o Cristianismo, o novo credo se alastrou pelo mundo. Chegando ao Brasil em 1860, o Espiritismo logo foi adotado por intelectuais, militares e funcionários públicos. Porém, o rastro de perseguição também chegou até aqui. O Código Penal de 1890 classificava o Espiritismo como crime. Apesar disso, a religião se fortalecia e expunha à população um dos seus lados mais meritórios: a caridade. E o ato de fazer bem às comunidades próximas dos centros espíritas se tornou uma marca tão forte no Espiritismo brasileiro que ajudou a transformar a religião e a lhe emprestar uma face tipicamente verde-amarela. É isso, em parte, que ajuda a explicar o salto quantitativo do Espiritismo no Brasil.
Há até uma cidade fundada exclusivamente por espíritas. Palmelo, a 200 quilômetros de Goiânia, GO, surgiu a partir da criação de um centro espírita, em 1929. Recebendo cerca de 50 000 visitantes todos os anos, que ali procuram consolo para inúmeras aflições físicas e espirituais, Palmelo (que foi emancipada em 1953) não permite a venda de bebidas alcoólicas e, em suas ruas, placas apresentam “pílulas” de ensinamentos espíritas extraídos dos livros de Allan Kardec.
A cidade goiana, porém, é um fato isolado. No resto do Brasil, os agrupamentos espíritas distinguem-se pela sobriedade e pelos baixos níveis de proselitismo. E mesmo com sua enorme difusão em terras brasileiras, a religião continua sendo, até hoje, uma fé professada pela classe média urbana (que, por receio de discriminação, não costuma ostentar traço algum da sua opção religiosa). “O Espiritismo difundiu-se entre profissionais liberais e pessoas da classe média dos centros urbanos porque exige leitura e instrução”, afirma Marcelo Camurça, professor de Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais.
Quem já freqüentou um centro espírita sabe disso. A atmosfera lembra ligeiramente um congresso universitário. Um auditório atento, muitas vezes municiado de algum dos livros de Kardec, escuta as leituras e os comentários feitos por um ou mais “palestrantes” reunidos em uma mesa. Tudo de um modo sóbrio e nada espetaculoso. “A sobriedade é uma das maiores fontes de identificação do Espiritismo entre a classe média”, afirma Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti.
A disciplina é outra exigência não assumidamente declarada. Vai daí o grande número de militares que, desde os primórdios, mergulhou nos ensinamentos de Kardec. Um dos mais famosos espíritas fardados do Brasil é o general Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional e líder de um centro espírita na capital federal.
Por causa de suas origens declaradamente científicas e pelo discurso que prega a racionalidade, o Espiritismo vem atraindo médicos – céticos diplomados e profissionais – nas últimas décadas. Fundada em 1968, a Associação dos Médicos Espíritas do Brasil (Amebrasil) reúne cerca de 1 200 médicos que estudam e tentam transpor para a prática diária da Medicina alguns dos princípios do Espiritismo.
É uma questão polêmica. O Espiritismo prega o tratamento homeopático e são célebres na trajetória brasileira da religião os casos de médiuns (como o mineiro José Arigó, que incorporava um suposto doutor Fritz e, inspirado por ele, fazia escatológicas cirurgias em milhares de pessoas entre os anos 50 e 70) que reúnem multidões de desvalidos em operações de fundo de quintal. Está-se falando de dois elementos que configuram prática ilegal da Medicina: receitar remédios e operar doentes sem licença para isso.
No entanto, esses aspectos não são levados em conta pelos médicos espíritas. “Sempre usei a alopatia e o próprio Chico Xavier sempre se operou pela Medicina tradicional”, afirma Marlene Rossi Severino Nobre, médica aposentada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo e presidente da Amebrasil. Marlene – que trabalhou com Chico em Uberaba no início da década de 60 e com ele chegou a psicografar algumas obras – não divisa conflito algum entre Medicina e Espiritismo. “O médico espírita leva aos seus pacientes os ideais de caridade da doutrina Espírita”, diz. “A Medicina é muito reducionista”, afirma. Para ela, a única explicação para a vida biológica, para o surgimento das células e para a evolução do Homem é a ação de forças superiores, ainda pouco compreendidas pela humanidade.
Nos próximos anos, os médicos da Amebrasil pretendem intensificar uma série de experimentos para comprovar eventos como campo magnético e experiências de quase-morte, até hoje inexplicados pela ciência tradicional. Sem contar com aval universitário algum, nem com qualquer tipo de estímulo de órgãos tradicionais de fomento à pesquisa como Capes e CNPq, a Amebrasil equilibra-se numa corda-bamba entre ciência e fé. É uma polêmica que promete esquentar os meios médicos e espíritas brasileiros num futuro próximo.
Mas um comportamento sóbrio, a prática da caridade e a adesão crescente de setores da Medicina não explicam totalmente o ibope do Espiritismo no Brasil. A fé espírita germinou aqui mais do que em qualquer outro lugar porque encontrou um terreno fértil para grande parte de seus princípios. Uma mistura muito brasileira de crenças católicas populares herdadas de Portugal, adoração aos mortos e religiosidades indígena e negra ajudou a alastrar o alcance da fé (veja quadro na página 51).
E foi no Brasil que surgiu o maior médium desde Allan Kardec. Francisco Cândido Xavier (1910-2002), franzino e modesto, com uma saúde combalida desde sempre, encarnou como ninguém os ideais de comedimento, benevolência e austeridade do Espiritismo. Sua adesão à fé obedeceu aos insondáveis princípios de uma predestinação.
Órfão ainda na infância, Chico teria começado a se comunicar e a se aconselhar com o espírito da mãe. Na escola, durante as comemorações do Centenário da Independência, em 1922, a turma de Chico deveria escrever uma redação sobre o acontecimento nacional. Durante a aula, o menino teria se perturbado com a presença de um homem ao seu lado, ditando-lhe o texto – que obteve menção honrosa.
Com 18 anos e buscando uma explicação para os fenômenos que o teriam acompanhado desde a infância, Chico já é um freqüentador de centros espíritas. E logo fica bem claro para todos que aquele rapaz de saúde frágil é um médium destinado a limpar as últimas nódoas de marginalidade que ainda recobrem o Espiritismo no Brasil. É a partir desse momento que ele teria entrado em contato com as primeiras manifestações do espírito Emmanuel – o que lhe renderia o posto de “co-autor” de nada menos que cerca de 400 títulos por ele psicografados sob inspiração do espírito e que venderam 25 milhões de livros em todo o mundo.
Com Emmanuel (que teria sido o senador romano Publius, depois um escravo cristão dilacerado por leões e, finalmente, o padre Manuel da Nóbrega, já em terras brasileiras), Chico realizou vários avanços na doutrina formada por Kardec, alastrando a sabedoria espírita para outros campos, como ciências sociais e economia. Imbuído do espírito de caridade, Chico destinou toda a renda a entidades sociais e aposentou-se com um modesto salário de funcionário público.
Quando morreu, em 30 de junho deste ano, deixou uma multidão de seguidores e leitores em todos os cantos do planeta e uma lição de humildade e amor ao próximo que transcende os limites do Espiritismo.
O QUE PREGA
Para entender o Espiritismo, é preciso saber que a base de toda a religião está exposta nas cinco obras seminais de Allan Kardec. Desde esse nascimento na França oitocentista, o Espiritismo reivindica não apenas um status de religião, mas também de ciência e de filosofia. Ou seja: é uma fé e uma doutrina cujas manifestações – contato com espíritos, regressões a vidas passadas e textos psicografados – poderiam ser comprovadas através do método dedutivo herdado da ciência.
Segundo o Espiritismo, todo homem é um médium, um canal de comunicação entre os vivos e os espíritos. Por isso, não existe um papa espírita nem qualquer tipo de hierarquia dentro da religião (a ausência de paramentos e cerimoniais também é uma característica “racionalista” dentro da fé espírita). Nos centros espíritas, por exemplo, a função de liderança geralmente está reservada ao médium mais experiente ou ao próprio fundador do centro.
A simplicidade pregada pelo Espiritismo também estaria explicitada pela inexistência de grandes rituais de passagem como casamentos, batismos e enterros. Isso porque os espíritas acreditam ser desnecessário o vínculo com Deus – “a inteligência suprema”, como prega Allan Kardec. Céu, inferno e diabo virtualmente não existem no horizonte espírita. Isso porque o Bem e o Mal podem estar dentro de cada um, sem que haja a necessidade de uma localização para cada um.
Os médiuns comunicam-se com os espíritos das mais diversas maneiras. Houve um tempo em que a comunicação se dava por meio de batidinhas na parede, mas hoje, na maioria dos centros espíritas, as principais formas de comunicação costumam ser a psicografia e a incorporação. Em sessões chamadas de “desobsessão” (quando um espírito cheio de más intenções incomoda uma pessoa), os médiuns incorporam essas entidades chamadas “obsessoras” e procuram convencê-las da falta de sentido em assombrar a vida dos “encarnados”.
O Espiritismo acredita que os espíritos são criados numa espécie de “ponto zero”, onde todos são imperfeitos e devem chegar – ao longo de várias e sucessivas encarnações – à perfeição. A cada encarnação o espírito aprende um pouco mais sobre bondade, tolerância e caridade. Claro que nem todos são “santos”: o livre-arbítrio (a capacidade de cada um escolher o seu destino) é um elemento importante da religião. Por isso, haveria espíritos deliberadamente “maléficos” fadados a intermináveis (e sofridas) encarnações na Terra. Os espíritos só se tornarão mais iluminados e superiores na medida em que forem eliminando seus maus hábitos, os aspectos ruins do seu caráter e passarem a praticar o bem.
Um fato curioso é a crença dos espíritas na vida em outros planetas. “Os espíritos são intergalácticos”, afirma Durval Ciamponi, da Federação Espírita de São Paulo. Isso não significa, necessariamente, a existência de ETs pilotando discos voadores pelo espaço sideral: mas formas de vida – inclusive minerais – que são habitadas por espíritos em diferentes estágios de evolução em lugares tão inóspitos quanto Saturno ou Plutão. Essa crença numa força divina interplanetária fez do Espiritismo, desde a década de 1960, um dos elementos que ajudaram a compor as religiões new age. “O Espiritismo antecipa toda essa onda de religiões e doutrinas da Nova Era”, afirma Marcelo Camurça, da UFJF.
Kardec fatiou o homem em três porções básicas: espírito (“essência imortal”), corpo (“invólucro material”) e perispírito (“corpo” que reveste o espírito). Quando uma pessoa morre, sua alma e seu perispírito libertam-se do corpo e passam a seguir um trajeto rumo à reencarnação. Um espírito irá encarnar tantas vezes quantas forem necessárias para atingir a perfeição. O mundo material, portanto, seria uma espécie de universidade onde os espíritos aprendem com as provações.
É nesse mundo que nos coube viver que cada ação seria avaliada como mais um aspecto da evolução pessoal. O velho adágio “aqui se faz, aqui se paga” recebe, no Espiritismo, uma validade bastante concreta. E são essas “dívidas”que explicariam, por exemplo, o nascimento de uma criança sem cérebro ou a paralisia de um adulto: tragédias pessoais que, do ponto de vista da doutrina, seriam necessárias para que o espírito refletisse e compreendesse que todos os reveses acontecem para seu benefício durante a evolução.
Temas incandescentes como aborto, eutanásia e suicídio são condenados – como na maior parte das religiões –, mas sua possibilidade existe porque cada um conta com o livre-arbítrio.
O percurso evolutivo de cada um explica as diferenças sociais, de saúde ou de capacidade intelectual. As benesses ou tragédias de cada um fazem parte do carma – que pode ser revertido graças a ações meritórias. Pois fazer o bem para os outros, no Espiritismo, é fazer o bem para si mesmo. Por isso a caridade é um dos elementos mais importantes da religião: ela serve para amenizar o sofrimento alheio e “conta pontos” na evolução de quem a pratica.
“Fora da caridade não há salvação”, prega a mais famosa frase de Allan Kardec. Pode-se discordar ou mesmo refutar desdenhosamente os princípios do Espiritismo. Porém, é virtualmente impossível fazer troça ou ignorar o legado de respeito ao próximo difundido por essa religião. Um princípio que, tranqüilamente, pode ser seguido por qualquer um que habite o nosso planeta. Acredite em Deus ou não.

Pequeno vocabulário espírita

Nas cinco obras que deixou para a posteridade, Allan Kardec estabeleceu os princípios básicos da doutrina espírita. Uma curiosa mistura de conceitos religiosos com alguma terminologia científica do século XIX. Conheça alguns dos principais termos do Espiritismo:
Universo
Criação de Deus. Todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados fazem parte dele. Comporta vários mundos habitados com seres em diferentes graus de evolução.
Deus
É considerado uma forma de inteligência suprema. Eterno, imutável, imaterial, justo, bom e onipotente.
Cristo
Ao contrário do que pregam a maior parte das religiões cristãs, Jesus Cristo não é o filho de Deus, mas um espírito mais evoluído. E um modelo para toda a humanidade.
Espíritos
Seres inteligentes da criação. São criados ignorantes e evoluem ao longo de várias vidas até alcançarem a perfeição. Dividem-se em “espíritos puros” (perfeição máxima), “bons espíritos” (em que predomina o desejo do bem) e “espíritos imperfeitos” (caracterizados pelo desejo do Mal).
Homem
Espírito encarnado em um corpo material.
Reencarnação
O espírito atravessa várias existências como encarnado. Cada uma delas é um estágio evolutivo rumo à perfeição.
Desencarnar
A morte (desencarnação) é encarada como apenas mais um estágio da vida espiritual – considerada a verdadeira vida. Não é compreendida como uma cisão definitiva entre as pessoas que se amam, mas apenas uma separação temporária no mundo físico.
Livre-arbítrio
O homem tem várias escolhas na vida, mas responde por todas as suas ações.
Prece
A prece torna melhor o homem e é um ato de adoração a Deus.

Abençoado por Deus

Paradoxos do país tropical: a maior nação católica do mundo (cerca de 125 milhões de praticantes, segundo o censo do IBGE) ofereceu, desde os primórdios da colonização, um terreno fértil para a mistura de credos e favoreceu o surgimento de modalidades de fé genuinamente brasileiras. Religiões tão diversas quanto Candomblé, Catimbó, Pajelança, Tambor de Mina, Umbanda e a face nacional do Espiritismo formaram-se a partir de elementos comuns.
Uma das maiores explicações para o sincretismo brasileiro estaria no Catolicismo legado pelos portugueses. A fé católica que veio de além-mar é muito mais “íntima” e “pessoal” do que a de outros países cristãos da Europa. Em Portugal e, em seguida, no Brasil, a relação dos homens com Deus geralmente é filtrada pelo santo da predileção de cada um. Antes de recorrer a Deus, portugueses e brasileiros vão bater na porta do santo mais próximo. A profusão de anjos da guarda, de rezas particulares e de toda uma sorte de benzeduras favoreceu a mescla de elementos cristãos com outros originários dos rituais indígenas e africanos.
Outro elemento do Catolicismo popular que iria ser combinado com práticas religiosas nativas é a adoração aos mortos. Procissões populares e mesmo o hábito de “conversar” ao pé do túmulo de um ente querido favoreceram a penetração de credos em que o contato com o mundo dos mortos é um dos elementos básicos – como o Espiritismo.
Assim como, no campo racial, a mestiçagem serviu para anestesiar certos conflitos, a Igreja portuguesa soube incorporar – ou, no mínimo estrategicamente, não quis condenar – algumas manifestações religiosas inspiradas no Catolicismo que surgiram ao longo da história brasileira. Festas populares repletas de elementos de outros credos, divindades africanas que poderiam ser “permutadas” por equivalentes na fé cristã (Oxalá Jovem = Menino Jesus) e o saudável livre-trânsito, tipicamente nacional, entre mundos religiosos paralelos (milhões de brasileiros comparecem às quartas no terreiro e aos domingos na missa), forjaram a democracia religiosa nacional.
“O Catolicismo no Brasil sempre favoreceu a mistura”, diz a médica e pesquisadora Eneida D. Gaspar, autora do Guia de Religiões Populares do Brasil. Eneida afirma que foi graças a essa postura mais flexível da Igreja que religiões como Umbanda – uma mistura de elementos cristãos, espíritas e africanos – ganharam forma no início do século XX.
Mas nem tudo são flores na trajetória das religiões brasileiras. A maior parte delas foi condenada no início justamente porque apresentava forte influência africana. Terreiros de Candomblé eram sistematicamente fechados pela polícia ainda nos anos 50.
A forma encontrada para o fim da discriminação diz muito sobre a alma brasileira: quando brancos de classe média, com conhecimento do Espiritismo, ingressaram nos terreiros, a nuvem de preconceito rapidamente se dissipou.
A Umbanda é um caso exemplar dessas transformações da religiosidade brasileira. Mesclando os principais ensinamentos do Espiritismo com o ritualismo e a força teatral do Candomblé, a Umbanda fez com que o preconceito contra práticas africanas – no idioma da discriminação, todas as religiões negras são “macumba” – fosse diminuindo com o passar dos anos graças à freqüência de um público de maior poder aquisitivo.
Paradoxalmente, no momento em que a Igreja parou de discriminar outras crenças, incorporando elementos africanos e indígenas, as igrejas neopentecostais – ou evangélicas – desestimulam seus fiéis à prática do sincretismo. Associam-no à prática de satanismo.

Frases

O “passe” é um dos elementos mais fortes do Espiritismo. Durante a sessão, o médium transmitiria a outras pessoas forças consideradas benéficas para sua saúde física e espiritual
A leitura dos livros básicos do Espiritismo é uma das exigências da religião iniciada por Allan Kardec
Kardec chegou a estudar Medicina, mas logo perdeu o interesse pelo mundo concreto
Nos primórdios do Espiritismo, a Igreja Católica queimava os livros de Kardec nas praças
O mundo dos espíritos – a alma de pessoas que morreram – comunica-se com os vivos por meio do pensamento e de textos psicografados
Alguns espíritos considerados mais evoluídos transmitiriam ensinamentos e contariam histórias através da psicografia. Somente Chico Xavier, que teria incorporado Emmanuel, publicou mais de 400 livros
No Brasil, grande parte dos conflitos religiosos foram amenizados pelo sincretismo
Os espíritas acreditam que um copo d’água como este pode ser energizado durante as sessões